[do que nos faz recuperar o "norte"]
Deliciosamente em surdina
"As espécies que não desenvolveram a escrita valem-se da memória instintiva. O salmão sabe o caminho do lugar onde nasceu sem ter que consultar um parente ou um mapa.(...) Já o Homem pode ser definido como o animal que precisa tomar nota." Luís Fernando Veríssimo
05 outubro 2016
12 setembro 2016
23 junho 2016
17 junho 2016
Para ti, que nos surpreendeste #2
welcome to my world of wonder - gorila ink
O tempo urge, não dá para tudo o que queria ter pronto para ti, quando nasceres. Não são "coisas", são sentimentos e disponibilidades (físicas e mentais) que queria preparar melhor para ti. Eu sei que, no fundo, não há preparação possível, que há sempre algo que fica a faltar, mas quero sentir-me um bocadinho mais disponível para ti. Quero parar um pouco (quero que me dêem espaço para parar um pouco mais para ti). Descansa-me sentir-te tanto, e principalmente, tão bem. Quero sentir-me e estar ao teu nível quando vieres ao nosso encontro. Não te quero falhar por exaustão. Perdoa-me as lágrimas (que têm sido tantas...), não são de tristeza (tu sabes), mas não deixam de ser lágrimas... Mas eu preciso delas para me sentir preparada (não tanto para ti, mas para tudo o que vem além de ti).
Para ti só quero que seja fluido, que seja quando te sentires preparado, que seja leve. Assim tão leve como desejei para o teu irmão... Não apenas o processo de nasceres e começares a respirar, mas principalmente tudo o resto que vem depois, e que não imagino o quão assustador deva ser para ti.
Que seja leve meu filho, que sejas leve para todo o sempre. Que consigas, sempre, encontrar o melhor em tudo o que pareça destruído, que tenhas a capacidade de te levantar, erguer a face e olhar o mundo sem que to impeçam de fazer à tua maneira.
Quando quiseres Pedro, sempre que quiseres estamos aqui à tua espera (estaremos sempre).
escrito a 7 de Junho
15 junho 2016
da ordem no céu
the rainbows - Keltu
Hoje chove. Agora chove. Torrencialmente. Hoje o corpo disse-me: "Pára, senta-te, desfruta um pouco do nada. Desfruta de quem cresce dentro de ti e que em breve estará nos teus braços". E eu obedeci. Obedeci e estive a sentir-te Pedro, enquanto olhava para a rua e a chuva caía. Torrencialmente, sem intervalos. Troveja agora. E, de repente, lembro-me de ti, André. Será que tens medo, será que a trovoada te acordou no sono que agora deves estar a dormir?
Queria só contar-vos isto, antes que me esqueça. Lembrou-mo a chuva (e a vontade que o sol despontasse entre as nuvens) que há uns tempos atrás dois arco íris apareceram no céu. E, ao mesmo tempo, a Lua também lá estava (num daqueles dias em que a Lua permanece connosco). Quando esses arco íris apareceram foram vocês, os meus dois "rainbow boys" que eu vi ali, e isso fez abrir o meu rosto, deu-me um pouco mais de esperança e acreditar que vamos todos conseguir.
É que, por vezes (e isto nada tem a ver convosco meus "rainbow boys") o pânico ataca, a ansiedade toma conta e eu não sei se vou conseguir dar conta do recado. Mas depois estes "sinais" aparecem do nada. O Universo encarrega-se de me dizer que sim, que tudo se vai compor, com muita asneira pelo meio, mas ainda com mais amor à mistura.
Porque no céu (e dentro de nós) tudo está na mais perfeita ordem: os nossos dois arco íris e a nossa lua.
escrito a 9 de Maio de 2016
Para ti, que nos surpreendeste #1
blossom by Kara
Ontem fomos caminhar Pedro, e descobrimos que apesar do tempo que faz lembrar o Inverno a natureza já recebeu os sinais para começar a desabrochar. São as árvores com flor, os jardins coloridos, os campos verdejantes pintados do amarelo das azedas e dos pequenos malmequeres. Esta plenitude, esta engrenagem da natureza confortam-me, dão-me mais segurança e acalmam os meus receios em relação a ti, a nós. Eu sei que me sentes, que me ouves e que sabes o quanto já gosto (gostamos) de ti.
Não podia ser de outra forma com a existência do teu irmão... O que te prometo agora e para todo o sempre é que podes confiar. Confiar na engrenagem que a vida tem para nós, na nossa relação a dois, a três e a quatro. Confiar que tudo florescerá no tempo certo, porque as sementes foram lançadas e, acima de tudo, porque todos os dias cuidamos da terra onde elas estão a germinar e onde vão florescer.
Mesmo que em alguns dias não pareça, mesmo que alguns dias sejam (pareçam) menos presentes. Mesmo nesses dias há uma rega, há uma apanha de ervas daninhas.
Confia. É só isso que te peço. Confia como nós confiamos.
escrito a 19 de Abril de 2016
Carta aos três
a ti Alice, a primeira, que não foste
a ti André, que és
a ti Pedro, que serás
O tempo teima em passar vertiginosamente, sem dar grande margem para apreciar tudo o que de bom vai acontecendo. Os dias são muito longos, porque tu, André, teimas em gostar de nos ver e falar durante a noite.
Até agora tudo tem sido muito conturbado...
A ti, Pedro, que nos chegaste de surpresa, não te temos dado a atenção devida. Acredita que o meu coração bate um pouco mais forte, e o meu rosto se ilumina com um sorriso de felicidade, sempre que te sinto dentro de mim. Ultimamente não te sinto tão envergonhado, tão fora de mim e isso descansa-me. Finalmente começo a sentir-te na plenitude e tudo isso me deixa um pouco mais focada em ti. Mas depois surge a culpa porque o descanso que queria (e preciso) ter contigo tem de ser interrompido, porque o André também precisa de tempo, de dedicação e há alturas do dia em que tudo isto é tão difícil.
Os receios estão presentes, os medos, que pareceram não existir com o André, voltam de tempos a tempos. As semelhanças contigo, Alice, são algumas, mas sinto-te, Pedro, muito mais presente e forte. Cheio de vontade de ser, de conhecer este mundo cheio de cheiros, de cores e sensações. És um sobrevivente Pedro, um rapaz forte. Mas não quero que nasças com este peso de teres que te desenrascar. Quero que nasças leve e certo que não estás sozinho neste mundo. Certo que nos terás a nós, teu pai e tua mãe, mesmo quando nos vires mais concentrados no teu irmão. Estaremos sempre, sempre presentes para ti.
Há espaço no nosso coração para todos. Para a Alice que nos ensinou a ser e nos preparou para vós. Para o André e as suas "conversas" nocturnas. E para ti Pedro, para todo o colo e embalo que queiras e precises, para nasceres e cresceres forte e, acima de tudo, feliz.
escrito a 5 de Abril de 2016
16 outubro 2015
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