*Tonight - Lykke Li
"As espécies que não desenvolveram a escrita valem-se da memória instintiva. O salmão sabe o caminho do lugar onde nasceu sem ter que consultar um parente ou um mapa.(...) Já o Homem pode ser definido como o animal que precisa tomar nota." Luís Fernando Veríssimo
28 dezembro 2008
14 dezembro 2008
Palavras #35
"Desperta-me de noite
o teu desejo
na vaga dos teus dedos
com que vergas
o sono em que me deito
pois suspeitas
que com ele me visto e me
defendo
É raiva
então ciume
a tua boca
é dor e não
queixume
a tua espada
é rede a tua língua
em sua teia
é vício as palavras
com que falas
E tomas-me de força
não o sendo
e deixo que o meu ventre
se trespasse
E queres-me de amor
e dás-me o tempo
a trégua
a entrega
e o disfarce
E lembras os meus ombros
docemente
na dobra do lenços que desfazes
na pressa de teres o que só sentes
e possuires de mim o que não sabes
Despertas-me de noite
com o teu corpo
tiras-me do sono
onde resvalo
e eu pouco a pouco
vou repelindo a noite
e tu dentro de mim
vais descobrindo vales."
As nossas madrugadas - Maria Teresa Horta
[cheiro a ti... cada centímetro da minha pele foi (des)coberto por ti]
Enric Vives-Rubio
- Ó mãe... A lua tem boca?
- Não filho. Porquê?
- (...) (...) (...) Se não tem boca, como é que ela fica tão grande??
05 dezembro 2008
Conversas Imaginárias #10
Sónia Cristina Carvalho
onde antes te encontrava e possa encontrar
e ver-te vir como quem voa ao caminhar
Todos eram mortais e tu morreste e vives sempre mais."
in Em legítima defesa - Ruy Belo
- (?)
- Falar com os teus amigos e ver pedaços de ti em cada um deles. Ver os teus gestos repetidos, as tuas expressões, os teus esgares... até a tua indignação com o mundo... Estás sempre aqui connosco não estás?
- Ainda duvidas?!
27 novembro 2008
16 novembro 2008
Encaixe perfeito
Fátima Condenço
Nothing left to hide
Plunging the depths of me
And when our bodies join
It's like two galaxies collide
What greater love could there be
So talk to me of love and all you fear
I wanna give you everything
'Cause heaven brought us here
To love with all we are
All we are - Lou Rhodes
Sorrir ao ler um livro e reconhecer-nos em passagens que me fazem corar. Saber, apenas e só que sim, que me completas e não consigo questionar nada disso (porque não há margem para dúvidas e o risco é ínfimo).
Acreditar, só isso (como se fosse pouco)... em ti, na densidade do sentimento que o espaço entre os nossos corpos comporta, no surgimento do nós quando esse espaço é ultrapassado.
Viver, nunca em função de ti, mas com a vontade profunda de te dar pedaços de felicidade, de partilhar momentos de tarefas distintas mas complementares.
um encaixe assustadoramente perfeito.
Incapacidade Expressiva #8
Georg Hólm (membro dos Sigur Rós)
09 novembro 2008
Graça Loureiro
Exaustos entregamo-nos à lassidão.
Descanso sobre o teu peito e sinto-o lentamente a abrandar. A minha respiração começa a acompanhar a tua. O nosso ritmo é um só.
Passas a tua mão pelo meu cabelo e, de repente, puxas-me para ti.
Vejo-me reflectida em ti com uma nitidez assustadora.
Sorris e dizes-me, ao mesmo tempo que um arrepio me percorre o corpo,
24 outubro 2008
20 outubro 2008
17 outubro 2008
Conversas Imaginárias #9
Ricardo Jaime Simões
- Tenho tanto, mas tanto para te contar...
- Conta. Sabes que sempre gostei de te ouvir.
- E ainda ouves? É esta a frequência certa?
- Claro. A frequência da amizade. Vá, conta-me da tua felicidade.
- (...)
11 outubro 2008
Incapacidade Expressiva #7
05 outubro 2008
03 outubro 2008
Palavras # 33
Carla Salgueiro
Ele agarra-se ao contrabaixo e executa acordes selvagens, depois põe-no de parte, senta-se exausto na poltrona e serve-se de cerveja."
30 setembro 2008
so easy with you *
Graça Loureiro
in A Terceira Rosa - Manuel Alegre
A campainha. O clic da porta que se abre para mim. Os degraus das escadas. A porta entreaberta que me convida a entrar...
A luz trémula que desenha a(s) nossa(s) forma(s) na parede. Os braços que me chamam, as mãos que me tocam, o calor que me inunda. A boca que me cala, o silêncio cheio de palavras...
O cheiro que permanece em mim. Os teus pedaços esquecidos em mim. A lembrança constante de ti em mim. O desejo de te abraçar e de te sentir, de te descobrir e ser descoberta...
* Romantic Fool - Eric Mingus
29 setembro 2008
Incapacidade Expressiva #6
fotos: rio Douro, de comboio :)
18 setembro 2008
(re)encontro
*
Tonight we fly - The Divine Comedy
Acasos in Breves notas sobre o medo - Gonçalo M. Tavares
15 setembro 2008
eis a situação...
João Castelo Branco
Pirómano in Gaveta de papéis - José Luís Peixoto
12 setembro 2008
all mornings should be like...
popsongs
... sunday morning...
"sunday morning
slow beats seething
through the screens in
the open windows
eggs frying
legs shaking
after we stayed lying
so long in bed
sunday morning
both of us reading
and looking up occasionally
looking up occasionally
sunday morning
you're doing your thing
and i am doing mine
speaking words
more a formality
cuz we can feel we
are of one mind
sunday morning
sheets still warm
kitties swarming
around our feet
life comes easy
your sweet company
making it so complete
of all the monday through fridays
we joined the crusade
of all the saturday nights
in which we were made
of all the exorcisms
i've done with your ghosts
still it's sunday morning
i miss you the most."
Sunday Morning - ani difranco
09 setembro 2008
Palavras #32
sweetcharade
08 setembro 2008
05 setembro 2008
04 setembro 2008
Vens com o teu cheiro e as tuas mãos cheias de magia e, de cada vez que no negro um brilho irrompe, iluminas um pedaço em mim.
03 setembro 2008
01 setembro 2008
As pessoas a quem nunca morreu um amigo ponham o dedo no ar.
"Faz hoje oito dias morreu um grande amigo. À noite arranjei coragem para ir vê-lo à igreja: estava o caixão, estava a fotografia diante do caixão mas o Acácio não estava, nem era pessoa para se meter dentro daquela caixa, com aquele pano por cima. Tive de procurar dentro de mim para encontrá-lo e achei-o a sorrir
– António
dizia ele como de costume
– António
e continuou a dizer
– António
em mim, a falar com os berlindes que parecia trazer sempre na boca. Uma amizade desde os dezoito anos é obra. Durante a guerra escrevíamos cartas um ao outro, depois da guerra não era preciso escrever cartas, falávamos.
– Acácio
sem os berlindes com que tu
– António
e a tua mão no meu ombro nos abraços meio esquivos, cheios de pudor, que são os teus e apesar disso, caramba, foste talvez o homem que mais me mexeu no corpo, tiraste-me dúzias de sinais ao longo do tempo. Que raio de pele a minha, uma Via Láctea de pontinhos: Ursa Maior, Ursa Menor, Cassiopeia, Sagitário, não me faltava nada. Digo estas coisas, amontoo palavras para me defender da emoção.
Chega de pieguices, dizia o meu pai, chega de pieguices. As pessoas a quem nunca morreu um amigo ponham o dedo no ar.
Acácio.
– Um dia publico as tuas cartas ameaçavas tu do meio dos berlindes. O pior é que ameaçavas a sério: cartas de rapazes em África e a tua mão, um segundo, no meu ombro. Um segundo apenas.
Estrelas, planetas, pedregulhos siderais. Olha, neste momento estou sentado na tua casa, diante da piscina. Fosse qual fosse a nossa idade tínhamos dezoito anos. A mesma mulher a dias, durante bastante tempo, a segredar-me
– O senhor doutor é tão bom
não senhor professor, o senhor doutor é tão bom. E és. As minhas filhas, as minhas sobrinhas
– Padrinho Acácio
e quando o João recebeu os irmãos para jantar naturalmente chamou-te a ti. Os irmãos dele e tu. Não: os irmãos dele. O que é a morte, padrinho Acácio? O duque de Orleans não acreditava em tal criatura nem aceitava que a mencionassem na sua presença. Uma ocasião o embaixador de não me recordo donde disse
– O falecido rei de Espanha
o duque logo, furioso
– Falecido?
e o embaixador resolveu o embaraço respondendo
– Monsenhor, é um título que eles se dão.
Em francês, que é mais chique
– Monseigneur, c'est un title qu'ils prennent
Portanto essa história de falecido é um título que tu prenaste. Quando o Henrique me segredou
– Tenho uma notícia triste para ti
disse de imediato
– O Acácio?
disse de imediato
– Não
e fiquei sem ver nada uma porção de minutos. Agora vejo. Vejo a igreja, a caixa, o pano, o retrato. E vejo-nos a sair dali
– Vamos sair daqui
porque não nos diz respeito, palavra, não nos diz respeito. O que nos diz respeito é estarmos juntos num sítio qualquer, não importa qual, com mais silêncio que palavras. Até no silêncio os berlindes na boca, o cabelo branco desde os vinte anos. Abundante. Bonito. Também alguma coisa tinhas que ter bonito. Estou a brincar. Não faças essa cara que estou a brincar: graças a Deus todos os meus amigos são lindos. Isto não é uma crónica, é uma carta, como aquelas que nos escrevíamos em África. Não a publiques nunca, visto que é só para ti. E não quero, nem por um segundo, que me julguem lamechas. Você tinha razão, pai: chega de pieguices."
Absent friends, here's to them,
And happy days, we thought that they would never end,
But they always end.
Raise your glasses then to absent friends
31 agosto 2008
Pedaços de músicas do mar *
fon fon fon - Deolinda
Ain't Nobody's Bizness- Nobody´s Bizness
fotos daqui
* Festival músicas do mar 2008 - Póvoa de Varzim
29 agosto 2008
o fantasma de Beno
Apaga as estrelas, vem dormir comigo no esplendor da noite do mundo que nos foge."
in Lunário - Al Berto
27 agosto 2008
25 agosto 2008
Este seu olhar *
Graça Loureiro
Vives no constante adiamento… das questões, das afirmações, afinal de contas, da vida.
Porque recusas sofrer?
Tu sabes que esse é o único caminho.
*
[original de Tom Jobim - versão de Maria João e Mário Laginha/álbum Undercovers]
21 agosto 2008
19 agosto 2008
Incapacidade Expressiva #5
16 agosto 2008
Abraço-te muito, se não te importas *
Isto é para ti, só para ti. Não, não quero ouvir que não, que não era preciso, que não havia necessidade.
É tudo para ti.
The Happy Birthday Song - Andrew Bird
12 agosto 2008
11 agosto 2008
não tens de olhar sem gosto nem de gostar sem ver*
* Ninguém é quem queria ser - do projecto Foge Bandido Foge de Manel Cruz
08 agosto 2008
este molhado olhar de homem que morre *
Luís Miguel Cintra sobre Ruy Belo e sua poesia
07 agosto 2008
Palavras #31
Carla Salgueiro
06 agosto 2008
Conversas Imaginárias #8
Pedro Rego
- Por momentos acreditei que eras mesmo tu, que eu tinha acordado dum longo sono e que nada tinha mudado. Que eras tu a desafiar-me (sempre tu…) para um copo ou para uma ida ao cinema. Tudo isto pensei naquela fracção de segundos. Mas quando atendi não foi a tua voz que ouvi do outro lado.
29 julho 2008
nothing really ends *
Sónia Cristina Carvalho
O sorriso, o olhar de soslaio, o sorriso [outra vez, e desta vez mais largo], a viagem, a tua camisa.
Nós, como um só, naqueles pátios cheios onde não existia mais ninguém. As tuas mãos em mim.
O telefone, quando mais ninguém em nenhuma das casas. O silêncio cheio de murmúrios na linha. As palavras que não saíam da boca mas entravam no ouvido de cada um.
A flor, aquela flor. O poema, aquele poema. E os sonhos, os meus e os teus, que na manhã se tornavam nossos.
As palavras sopradas, o desejo, os corpos, as almas, a paz, a raiva, a dor, aquele fim em que não acreditei [nem tu].
* dEUS
Al Berto
26 julho 2008
24 julho 2008
Disseram-lhe que era um sítio bonito, onde muitos reis, príncipes e princesas se tinham jurado eternamente. Não acredita nesse eterno, mas sorri perante a possibilidade e não, não o recusa apesar de não acreditar. Está ansiosa, quer ver esse sítio bonito, gosta deles assim cheios de estórias e história, vozes e sons do passado.
Entra, rodeada por muitos, e é logo arrebatada. Todos desaparecem e permanece apenas o silêncio. Fecha os olhos, inspira profundamente e deixa-se impregnar pelo espírito do tempo. Surgem os primeiros sons, pelas mãos daquele de cabelo desalinhado. Ela abre os olhos, ele fecha-os. Enquanto percorre o braço do violoncelo com os seus dedos, parece desaparecer, deixando apenas ficar aquele som puro a ecoar.
As mãos continuam, sempre na corda certa, no ritmo perfeito. São mãos viciantes.
Serão sempre assim?
Conhecerão tão bem os corpos como conhecem aquelas cordas?
De olhos fechados?
21 julho 2008
the unexpected song...
... a perfect place and the moon.
17 julho 2008
Secret Meeting *
alinhamento do concerto realizado no barco Guinguette Pirate, em Paris [retirado do vídeo Baby we´ll be fine]
*
15 julho 2008
Incapacidade Expressiva #4
Gerês
Furnas - S. Miguel - Açores
08 julho 2008
*