23 dezembro 2007
















Jesus - Pedro Soares


Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio

E suportar é o tempo mais comprido

Peço-Te que venhas e me dês a liberdade,

Que um só dos teus olhares me purifique e acabe


Há muitas coisas que eu quero ver


Peço-Te que sejas o presente

Peço-Te que inundes tudo

E que o teu reino antes do tempo venha

E se derrame sobre a Terra

Em primavera feroz pricipitado.


Sophia de Mello Breyner-Andersen

21 dezembro 2007

Parece que a Terra começou a contaminar o resto do Universo.
Este vírus werra é pior que a gripe.

18 dezembro 2007

Palavras #24

shyness is nice - Dom Pedro


"- Que bom que isto é! Tenho a impressão que é aquilo de que gosto mais. E tu?

Eu não tinha outra saída senão dizer-lhe que sim mas acho que no fundo fiquei um bocado culpabilizado por dizer que o que gosto mais na vida é fazer amor:
- Talvez... Acho que sim... Mas há também outras coisas na vida.

A Catarina riu-se e desafiou-me:
- Não há nada. Diz lá uma...

- Não sei... A ternura, por exemplo. Eu gosto do amor individualizado... Deixa lá ver se eu me explico... Gosto assim enquanto se vê que eu estou a gostar de ti mesmo e tu estás a gostar de mim. A certa altura tenho a impressão de que tu estás é a gostar do corpo dum homem e que eu estou a gostar do corpo duma mulher... Achas que me expliquei bem?"

in Catarina ou o sabor da maçã - António Alçada Baptista

10 dezembro 2007

05 dezembro 2007

Conversas Imaginárias #4


Todas as pessoas deviam ter um hino, o meu seria: Tatoo (Mike Oldfield)

"(...) vives tanto em mim como em qualquer lugar
onde antes te encontrava e te possa encontrar (...)"

in Legítima defesa - Ruy Belo

- Queria dar-te um beijo de parabéns, beber um copo à tua saúde e desejar-te muitos anos de vida.
- Querias? Já não queres?!
- Quero mas...
- O que é que te impede? Ah, já sei... Tens medo que te chamem louca.
- Acho que já passei essa fase.
- Então mostra-lhes os poemas. Viverei enquanto vivam todos os que me amam e odeiam. Faz o favor de me cantar os parabéns. Valle?

24 novembro 2007

2 x Al Berto = ...


há-de flutuar uma cidade no crepúsculo da vida - Al Berto



* _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

"Durante o sono sinto de novo o teu corpo procurando o meu.
Deixo-me ficar quieto, abro as mãos, toco-te – quando a tua voz me sacode. Encolho-me e escuto em mim:

- Trago-te o mar, as nuvens

que só as crianças sonham a vermelho. Trago-te a terra que te transformou em húmus e a seiva morna das árvores, a dor que a vida faz a latejar no pulso dos homens sozinhos... e o tempo, essa doença dos vivos eternizou-nos. Noite após noite, falo-te, amo-te sem que o saibas. Posso tocar-te sem sentires sequer a minha presença. Posso estar, sem estar. Trago a cinza das horas nos cabelos e os dias da paixão onde não há dias nenhuns.

Trago-te as palavras,


e este cigarro que fumaremos os dois... e do mar recolhi esta coroa de rubras escamas e o silêncio dos náufragos... uma concha,

um punhado de sal e a moeda de ouro que te enterro na boca antes de prosseguires viagem.

O dia vem lentamente na incandescência de um fio de poeira suspensa. Atravessa o quarto vazio, acende-te o rosto.


Abro um pouco a boca e deixo cair a moeda de ouro. Nos meus olhos descobrirás como é grande a tristeza do mundo.
Lá fora é outra vez verão."

in Canto do Amigo Morto – Al Berto

23 novembro 2007

"O desconhecido Niassa."

Niassa - Francisco Camacho


Lago Niassa - Moçambique

18 novembro 2007


Puedo Escribir - Pablo Neruda (tradução inglesa recitada por Andy Garcia)


“...Faz hoje cem anos exactos, um pobre e admirável poeta, o mais atroz dos desesperados, escreveu esta profecia: Ao amanhecer, armados de uma ardente paciência, entraremos nas esplêndidas cidades. Acredito nesta profecia de Rimbaud, o vidente. Venho de uma província obscura, de um país separado de todos os outros pela cortante geografia. Fui o mais abandonado dos poetas e a minha poesia foi regional, dolorosa e chuvosa. Mas sempre tive confiança no homem. Jamais perdi a esperança. Talvez por isso chegasse até aqui com a minha poesia e também com a minha bandeira. Em conclusão, devo dizer aos homens de boa vontade, aos trabalhadores, aos poetas, que todo o futuro foi expresso nesta frase de Rimbaud: só com uma ardente paciência conquistaremos a esplêndida cidade que dará luz, justiça e dignidade a todos os homens. Assim, a poesia não terá cantado em vão.”


(excerto com a parte final do discurso de Pablo Neruda, pronunciado no dia em que recebeu o Prémio Nobel de Literatura, 1971)

13 novembro 2007

Palavras #23

















hoje é dia de coisas simples - Joana Saraiva

hoje é dia de coisas simples
(Ai de mim! Que desgraça!
O creme de terra não voltará a aparecer!)
coisas simples como ir contigo ao restaurante
ler o horóscopo e os pequenos escândalos
folhear revistas pornográficas e
demorarmo-nos dentro da banheira

na aldeia pouco há a fazer
falaremos do tempo com os olhos presos dentro das
chávenas
inventaremos palavras cruzadas na areia... jogos
e murmúrios de dedos por baixo da mesa
beberemos café
sorriremos à pessoas e às coisas
caminharemos lado a lado os ombros tocando-se
(se estivesses aqui!)
em silêncio olharíamos a foz do rio
é o brincar agitado do sol nas mãos das crianças
descalças
hoje.

Al Berto

08 novembro 2007

Conversas Imaginárias #3






















"(...) coisa por coisa dessas coisas que subsistem
vivas mais que na vida vivas na imaginação
onde só afinal as coisas são (...)"

in Legítima Defesa - Ruy Belo

- Onde estás? Por onde andas?
- Aqui... Por aí.
- Ali no meio das árvores?
- Sim, também. Onde tu quiseres.
- Obrigada.
- ... ?
- Por estares por aí espalhado. Sinto-te próximo, apesar de desvanecido.

05 novembro 2007

02 novembro 2007

Carpe Diem


Humm... Imito os gatos, esses que na sua irracionalidade (será que são mesmo?) aproveitam o sol na sua totalidade, sem reservas. Estico os braços primeiro. Os músculos que restam depois (ficam cheios de inveja e imitam-nos - aos braços - sem culpas...). Fecho os olhos e sinto a brisa. Cheira a Primavera (mas não é Novembro?!). O sol, o calor, o canto dos pássaros podem enganar, mas o entardecer desfaz as ilusões (é mesmo Outono).

01 novembro 2007

Fé nublada - Daniel Oliveira

"Arrumamos os mortos e ungimo-los
São uma instituição que respeitamos
e às vezes lembramos celebramos
nos fatos que envergamos de propósito
nas lágrimas nos gestos e nas gravatas
com flores e nas datas num horário"

in Em legítima defesa - Ruy Belo

31 outubro 2007


"-Estás a ver, Wendy, quando o primeiro bebé se riu, pela primeira vez, o seu riso partiu-se em mil bocados, que se começaram a espalhar, e esse foi o princípio das fadas."

in Peter Pan - J.M. Barrie



Cristais de Lisozima

"Eu dizia-te que chorar é lembrarmo-nos de nós um instante."
Al Berto

no negro
choramos por nós
nunca por ti (apenas um pouco por ti)

choramos pelo nós contigo que parou
que nunca mais sairá deste tempo

choramos pelas palavras e actos, não pelas ditas e pelos realizados,
mas pelas não ditas e pelos não realizados

choramos por tudo o que ficou e não passou
a barreira invisível que separa o se do real

choramos com receio do desconhecido
não do teu, mas do nosso sem ti

choramos lágrimas
lágrimas com elevada concentração de egoísmo
perdoável.

28 outubro 2007

Kothbiro*

Lago Turkana - Quénia




* a chuva está a chegar

Palavras #22

O tempo que mata o tempo - Eduardo Rosas


Da velhice
sempre invejei
o adormecer
no meio da conversa.


Esse descer de
pálpebra não é nem
idade nem cansaço.


Fazer da palavra um embalo
é o mais puro e
apurado senso da poesia.


Sono Coloquial - Mia Couto

25 outubro 2007

22 outubro 2007

Conversas Imaginárias #2

I wish I was the full moon shining - Rui Neto Algarvio

"O tempo cobre-se de musgo. (...) Sublima-se a pouco e pouco, dilui-se no sange inquieto - é o início do esquecimento; esse imenso limbo semi-obscuro onde flutuarão rostos e gestos, corpos e palavras - e nada terá sentido. Mas reconhecerei as ruínas daquilo que amei, daquilo que nomeei para entender o mundo."
in Canto do Amigo Morto - Al Berto

- Parece que comecei a avançar.
- Já não era sem tempo.
- Mas isso soa-me a esquecer…
- Rir, sorrir, sonhar com o futuro, querer mais não é esquecer. Não há mal nenhum em que o sol desapareça todos os dias no horizonte. No dia seguinte ele renasce. Há dias em que não parece, mas está sempre lá.
- …?
- Esquecer é impedir o sol de nascer no dia seguinte. Esquecer é viver numa noite escura, sem estrelas nem lua. E isso não acontece.

16 outubro 2007

Odeio você, odeio você*

Um tom pra cantar
Um tom pra falar
Um tom pra viver
Um tom para a cor
Um tom para o som
Um tom para o ser
Ah como é bom dormir
Ah como é bom despertar
O céu é mais aqui
Um tom é um bom lugar
Tanta coisa que cabe
Tanta pode caber
Canta e pode fazer cantar
Nova felicidade
Novo tudo de bom
Deixa-se cantar um tom
Um tom pra gritar
Um tom pra calar
Um tom pra dizer
Um tom para a voz
Um tom para mim
Um tom pra você
Um tom para todos nós

08 outubro 2007

Palavras #21

The Veil of the Sky - Stephen Rutherford-Bate


"Apaga as estrelas, vem dormir comigo no esplendor da noite do mundo que nos foge."

Al Berto

06 outubro 2007

03 outubro 2007

Pax Romana*

*Gargalhadas do fundo do ser.

E esta Canção Simples a martelar na cabeça.

28 setembro 2007

Palavras #20

Sem ti, sinto-me morrer... - Daniel Oliveira

" Para que é que inscreves nos túmulos a tua 'saudade eterna'? Porque isso é uma tocante forma de dizeres ao morto que não morres. Mas morres. Garanto-te eu."

in Pensar - Vergílio Ferreira

27 setembro 2007

Eyes in the Heat - Jackson Pollock

Nascer
Respirar Chorar Sugar Dormir Comer Defecar Urinar Sorrir Palrar Rir Gatinhar Berrar Brincar Andar Bater Correr Olhar Falar Dançar Cantar Gritar Ler Escrever Mentir Fugir Enganar Namorar Acreditar Beijar Sofrer Desesperar Tocar Revoltar Pintar Sentir Apaixonar Odiar Amar Tocar Arrepiar Beber Ver Apalpar Conduzir Casar Juntar Trabalhar Viajar Resmungar Preocupar Ralhar Saborear Passear Apreciar Ouvir Contar Recordar Suspirar Descansar Doer Perder Contemplar Morrer
Desaparecer

26 setembro 2007

21 setembro 2007

Sem Aviso



anda
tira essa
dor do peito, anda
despe essa roupa preta e manda
seu corpo deslembrar

canta
vira a dor do avesso, canta
larga essa vida assim às tontas
deixa esse desenganar

calma
dê o tempo ao tempo, calma
alma
põe cada coisa em seu lugar
e o dia virá, algum dia virá
sem aviso

então...

Francisco Bosco /Fred Martins

18 setembro 2007

Conversas Imaginárias #1




















Salto para a glória - Nuno Ramos


- Não gosto de despedidas.

- Estamos todos aqui para nos despedirmos de ti. Não sejas assim. Mau feitio.

- Mas estão todos aqui porque querem. Já eu não tive escolha. Se pudesse saía à francesa, assim no meio da festa, quando ninguém desse pela minha falta, ou então ficava até ao fim e seria o último a sair. Continuava a não ter que me despedir. Ficávamos para o fim, eu e a minha cerveja: eterna amiga e amante.

- Raio de mau feitio. Não sejas injusto. Não vês quantos amigos tens?

- Sim. Tenho-os, mas não tantos como os que aqui estão. Achas que todos aqui vão sentir a minha falta daqui a um ano? Então não me respondes? Vá lá… Admite que, provavelmente, nem tu sentirás a minha falta daqui a um ano. Vais esquecer-me. A memória é traiçoeira.

- ...



05 setembro 2007

Palavras #19






















Trabalhar o barro - Miguel Afonso


“Porque terá desaparecido o prazer da lentidão? Ah, onde estão os deambuladores de outrora? (…) Há um provérbio checo que descreve a ociosidade por meio de uma metáfora: contemplam as janelas de Deus. Quem contempla as janelas de Deus não se aborrece; é feliz. No nosso mundo, a ociosidade transformou-se em desocupação, o que é uma coisa muitíssimo diferente: o desocupado sente-se frustrado, aborrece-se, procura constantemente o movimento que lhe faz falta.”

in Lentidão - Milan Kundera

04 setembro 2007






















A última gota - Pedro Moreira


Manter o sentido de humor que tenho até ao meu último suspiro!
RTente

01 setembro 2007

26 agosto 2007

23 agosto 2007


Tender Kiss
- Juan Silva


(...)
And both hands

Now use both hands
Oh, no don't close your eyes
I am writing
Graffitti on your body

I am drawing the story of

How hard we tried

I am watching your chest rise and fall

Like the tides of my life,

And the rest of it all

And your bones have been my bedframe

And your flesh has been my pillow

I am waiting for sleep

To offer up the deep

With both hands
(...)

Both Hands - Ani DiFranco


Caminhar. Sem rumo, sem meta.
Sentir o frio do vento, o calor do sol.
Fechar os olhos e esperar.

20 agosto 2007

Viagem no tempo

Se estas pedras falassem...



A - Anta dos Coureleiros (Castelo de Vide)
B - Pormenor do acesso à Anta dos Coureleiros (tal como muitos outros monumentos neoliticos estão localizados em terrenos privados, sendo necessário em muitos casos abrir e fechar portões e cancelas)
C - Menir da Meada (Castelo de Vide)
D - Cromeleque dos Almendres (a foto não faz justiça à imponência do local)

Palavras #18 (com música velhinha...)


Fim
- Tovante (Concerto Uma Noite Só)


Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!

Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza...
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro.

Fim - Mário de Sá-Carneiro

10 agosto 2007

How close am I to losing



About Today - The National

09 agosto 2007

Reprieve *

Nagasaki (10 Agosto 1945) - Yosuke Yamahata

“Human memory has a tendency to slip, and critical judgment to fade, with the years and with changes in lifestyle and circumstance. But the camera, just as it seized the grim realities of that time, brings the stark facts … before our eyes without the need for the slightest embellishment.”

* último álbum da Ani diFranco

07 agosto 2007

O Princípio da Incerteza *

Acreditar na incerteza do ser humano como o mais certo que temos.
Acreditar que essa incerteza não nos torna malvados, mesmo quando o final é horror puro.
Acreditar que é essa incerteza que nos permite arrepender.

Idylle Atomique - Salvador Dali


O encontro de 1941 de Bohr e Heisenberg continuará para sempre envolto em nevoeiro.
Certezas, apenas eles as terão e, com toda a certeza, serão diferentes.


Agrada-me pensar que o que me ficou da peça Copenhagen de Michael Frayn(vista há alguns anos no Teatro Campo Alegre no Porto) é uma certeza: que Heisenberg não construiu a bomba porque a sua consciência não o permitiu, e que Bohr e os restantes cientistas envolvidos no projecto Manhattan não sabiam de que forma essa mesma bomba seria usada.

Certezas? Nenhumas.


"In response to Bohr’s direct question as to why he didn’t make the crucial calculation, Heisenberg answers simply but convincingly.

H: Why didn’t you calculate it?

B: Why didn’t I calculate it?

H: Tell us why you didn’t calculate it and we’ll know why I didn’t.

B: It’s obvious why I didn’t.

H: Go on.

M: Because he wasn’t trying to build a bomb!

H: Yes, thank you. Because he wasn’t trying to build a bomb. I imagine it was the same with me. Because I wasn’t trying to build a bomb. Thank you.
(…)
Ironically, paradoxically, it was Bohr who, in a small way, contributed to the bombs that were dropped on
Nagasaki and Hiroshima. Heisenberg’s wartime activities contributed to no one’s death.
(…)
Heisenberg was treated with undeserved hostility and contempt by many of the physicists who had been involved in the U.S. Manhattan Project, some of whom were his former students or friends. On this, Frayn has Heisenberg comment:

When I went to America in 1949 a lot of physicists wouldn’t even shake my hand. Hands that had actually built the bomb wouldn’t touch mine. " **


* http://pt.wikipedia.org/wiki/Princ%C3%ADpio_da_incerteza_de_Heisenberg

** excerto duma análise à peça em http://www.ihr.org/jhr/v21/v21n2p35_frayn.html; os excertos a itálico e negrito são retirados da peça.


06 agosto 2007


A Rosa de Hiroshima
- Ney Matogrosso (letra Vinicius de Moraes)

"Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
(...)

Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada"

05 agosto 2007

Palavras #17

Verão. Noite. Sair para a rua sem casaco e nunca sentir a sua necessidade. Quando foi isso?

Summer Night at the Beach - Edvard Munch

Envolver-me na mais obscura solidão das searas e gemer
Amassar com os dentes uma morte íntima
Durante a sonolência balbuciante das papoulas
Prolongar a vida deste verão até ao mais próximo verão
para que os corpos tenham tempo de amadurecer

...colher em tuas coxas o sumo espesso
e no calor molhado da noite seduzir as luas

o riso dos jovens pastores desprevenidos...as bocas

do gado triturando o restolho....as correrias inesperadas

das aves rasteiras

....e crescerei das fecundas terras ou da morte
que sufoca o cio da boca.....
....subirei com a fala ao cimo do teu corpo ausente

trasmitir-lhe-ei o opiáceo amor das estações quentes.


Al Berto

01 agosto 2007

"No more, no more"

38 anos depois, mais de 3000 vítimas (de todos os lados): ZERO soldados britânicos à meia noite de hoje.

Bloody Sunday - U2

Pay it Forward*

(clicar)



Simplicidade, pequenos gestos, atenção.

Por vezes é o suficiente para que tudo mude.

Está apenas nas nossas mãos, sempre esteve e sempre estará.

Só é preciso acordar para a realidade e agir.


* filme realizado por Mimi Leder em 2000

19 julho 2007

"We'll always have Paris"

Spare-Ohs - Andrew Bird playing in Montmartre, Paris

17 julho 2007



...será que estes me vão fazer voltar ?!

16 julho 2007

Palavras #16















Past Dreams - David Winston


"- E você, Mwadia, você não sonha
- Eu? Ora, compadre Lázaro, eu nunca lembro o que sonho.
- Cuidado, minha filha, muita cautela: quem não vê os seus sonhos é porque está sonhando aquilo que está vendo."

in O Outro Pé da Sereia - Mia Couto

09 julho 2007

Por vezes fica-se assim: anestesiado e sem saber o que fazer ou como reagir. Resta-nos abrir os braços e esperar que sejam suficientemente grandes para abraçar a dor.













[Olha...] - João Viegas
Porque blue não tem de ser igual a tristeza....

Azul - Carlos Bica & Azul

08 julho 2007














- O que é que vão ver ao Gil Vicente?
- Vamos ver um concerto dum artista norte-americano, o Andrew Bird *. Conheces?
- Não, mas que tipo de música é?
- Se queres que te diga nem sei muito bem... Há quem classifique como folk, mas para mim aquilo é uma grande misturada que resulta muito bem no final! É mesmo bom!

* Concerto em Coimbra a 30 de Maio 2007, no Teatro Académico Gil Vicente

27 junho 2007

Amos Oz


"Sei que a expressão 'chegar a um acordo, a um compromisso' tem uma reputação terrível nos circuitos idealistas europeus, especialmente entre gente jovem.O acordo é concebido como falta de integridade, falta de directriz moral, falta de consistência, falta de honestidade.O compromisso empesta, comprometer-se a chegar a um acordo é desonesto.
Não no meu vocabulário.No meu mundo, a expressão 'chegar a um acordo, a um compromisso' é sinónimo de vida. E onde há vida há compromissos estabelecidos.O contrário de comprometer-me a chegar a um acordo não é integridade, o contrário de comprometer-me a chegar a um acordo não é idealismo, o contrário de comprometer-me a chegar a um acordo não é determinação.O contrário de comprometer-me a chegar a um acordo é fanatismo e morte.(…)

E quando digo acordo não quero dizer capitulação, não quero dizer dar a outra face ao rival ou a um inimigo (…), quero dizer procurar encontrar-me com o outro em algum ponto a meio do caminho.E não há acordos felizes: um acordo feliz é uma contradição."

Contra o fanatismo - Amos Oz

04 junho 2007

Palavras #15











Forgiveness
- Thireey Ona


Um ser amado que desilude.

Escrevi-lhe.
É impossível que não me responda
aquilo que eu disse a mim mesma
em seu nome.

Os homens devem-nos
o que imaginamos que nos vão dar.
Pagar-lhes esta dívida.

Aceitar que sejam diferentes
das criaturas da nossa imaginação,
é imitar a renúncia de Deus.

Também eu sou diferente
daquilo que imagino ser.
Saber isto,
é perdoar.

Compreensão - Simone Weil

10 maio 2007

E uma vontade de ir, correr o mundo e partir *



De Usuahia a la Quiaca -
Gustavo Santaolalla (Diarios de Motocicleta)

* Homem do Leme - Xutos & Pontapés

25 abril 2007

A Fragata *

Foto de Alfredo Cunha - publicada na edição d'O Século Ilustrado de 27 Abril 1974

Faz hoje 33 anos que o teu pai ia morrendo naquele barco!
Todos os dias vinte e cinco de Abril a minha avó repete esta frase, acrescentando mais um ano, de acordo com o passar do tempo.

Se eles tivessem disparado não sei o que teria acontecido, provavelmente vocês não existiriam. Aqueles tanques no Cristo Rei e no Terreiro do Paço…
E desta forma começa mais uma lição de história, uma lição na primeira pessoa que prende e cativa. Fico absorvida como se estivesse a ler um livro extraordinário ou a ver um filme belíssimo. Ouvir o relato de alguém que esteve no meio da Revolução, por mais diminuto que tenha sido o seu papel, é como fazer uma viagem no tempo. Daquelas viagens que ensinam e nos fazem gostar e apaixonar pela história. Que nos fazem sentir como era viver sem liberdade e como aqueles momentos foram/são da maior importância. É uma viagem no tempo que ajuda a que não se esqueça, para que a memória não de desvaneça. É uma viagem no tempo que me ensinou a saborear e a dar valor àquele momento em que um papel dobrado em quatro é colocado na urna.

*um relato objectivo deste pequeno pedaço de história