Deixo-me ficar quieto, abro as mãos, toco-te – quando a tua voz me sacode. Encolho-me e escuto em mim:
- Trago-te o mar, as nuvens
Trago-te as palavras,
e este cigarro que fumaremos os dois... e do mar recolhi esta coroa de rubras escamas e o silêncio dos náufragos... uma concha,
O dia vem lentamente na incandescência de um fio de poeira suspensa. Atravessa o quarto vazio, acende-te o rosto.
Abro um pouco a boca e deixo cair a moeda de ouro. Nos meus olhos descobrirás como é grande a tristeza do mundo.
Lá fora é outra vez verão."
in Canto do Amigo Morto – Al Berto