"terrível é a tentação da bondade"

in


















(clicar, clicar e clicar na imagem)

“um rasgão no peito, uma saudade de mim”

iam perceber quem eu sou, um homem à procura de palavras jamais encontradas

miligrã, oxálida*, xarel
hidranja, plátano, arrabil, phisalis
oxálida*, voo, xarel, arrabil, hipericão, avena, miligrã

para quando oxálida*, plátano, miligrã?
oxálida*, cítara, xairel, gomil, rocio, cântaro, miligrã

andarei toda a vida à procura das palavras certas, sem nunca, na minha pequenez, acertar

oxálida*, genciana, miligrã, arrabil, avena, hipericão

(…) a outra palavra que não encontrei, todas as outras que não encontrei, porque se alguma coisa a vida me ensinou, é que não importa encontrar a palavra. Tudo o que vale a pena, entre a vida e a morte, é procurá-la.

* o nome do trevo amargo (azedas) que adoça as bocas da infância


Título e texto a itálico retirados do livro A Alma Trocada de Rosa Lobato Faria
Fotos (de cima para baixo, da esquerda para a direita): oxálidas, hipericão, avena, genciana

Something of an end - My Brightest Diamond (with Pedestrian)

60 *

"A vida, como sabes, tem o tempo da areia que se escapa por entre os dedos.
Areia rápida e branca.
Esvoaçante."

in Anjo Mudo

"A eternidade não é lerem-me daqui a 50 ou 60 anos ou ficar na história da literatura portuguesa. Só espero que meia dúzia de doidos me leiam agora e isso os toque. A eternidade é uma permanência da força que está dentro de nós."

Al Berto (* n. 11 Janeiro 1948)

O céu sem uma nuvem pode ser muito monótono...

[de cima para baixo: Jacques Kuenlin, Gregg Childs, Erinn Jones, Andrew Kirk]

Palavras #25

"Vivemos convivemos resistimos

cruzámo-nos nas ruas sob as árvores

fizemos porventura algum ruído

traçámos pelo ar tímidos gestos

e no entanto por que palavras dizer

que nosso era um coração solitário silencioso

silencioso profundamente silencioso

e afinal o nosso olhar olhava

como os olhos que olham nas florestas

No centro da cidade tumultuosa

no ângulo visível das múltiplas arestas

a flor da solidão crescia dia a dia mais viçosa

Nós tínhamos um nome para isto

mas o tempo dos homens impiedoso

matou-nos quem morria até aqui

E neste coração ambicioso

sozinho como um homem morre cristo

Que nome dar agora ao vazio

que mana irresistível como um rio?

Ele nasce engrossa e vai desaguar

e entre tantos gestos é um mar

Vivemos convivemos resistimos

sem bem saber que em tudo um pouco nós morremos"

A flor da solidão - Ruy Belo

Unexpected things... Why not?!