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Dust of time - NataliaDrepina
Chama-se amor a isto:
beber horas roubadas,
no receio constante
de que alguém as descubra
. . . . . (assim se tem cadastro!);
morder com pressa
a polpa dos minutos,
sem lhes sorver o sumo,
sem lhes tirar a casca
. . . . . (assim se apanham úlceras!);
ter este modo brusco
de engolir os segundos,
como se fossem cápsulas
de qualquer barbitúrico
. . . . . (assim se morre às vezes!)
O culpado: este cão
que trazemos bem preso,
todo agarrado ao pulso,
e a que chamamos Tempo.
. . . . . (sempre a ganir de susto.)
David Mourão Ferreira