28 dezembro 2008

i know you're right behind me*


*Tonight - Lykke Li



* and don't you let me go, let me go tonight



14 dezembro 2008

Palavras #35

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Carla Salgueiro


"Desperta-me de noite
o teu desejo
na vaga dos teus dedos
com que vergas
o sono em que me deito

pois suspeitas

que com ele me visto e me
defendo

É raiva
então ciume
a tua boca
é dor e não
queixume
a tua espada

é rede a tua língua
em sua teia

é vício as palavras
com que falas

E tomas-me de força
não o sendo
e deixo que o meu ventre
se trespasse

E queres-me de amor
e dás-me o tempo

a trégua
a entrega
e o disfarce

E lembras os meus ombros
docemente

na dobra do lenços que desfazes
na pressa de teres o que só sentes
e possuires de mim o que não sabes

Despertas-me de noite
com o teu corpo


tiras-me do sono
onde resvalo

e eu pouco a pouco
vou repelindo a noite

e tu dentro de mim
vais descobrindo vales."

As nossas madrugadas - Maria Teresa Horta


[cheiro a ti... cada centímetro da minha pele foi (des)coberto por ti]


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Enric Vives-Rubio

- Ó mãe... A lua tem boca?

- Não filho. Porquê?

- (...) (...) (...) Se não tem boca, como é que ela fica tão grande??

08 dezembro 2008


um dia danço contigo no meio da rua....


Dançando sobre blocos de papel_Bruno Julião_olhares
Bruno Julião


... ontem foi o dia

Eterno enternecimento *

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* 1927-2008

05 dezembro 2008

Conversas Imaginárias #10

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Sónia Cristina Carvalho

"pois vives tanto em mim como em qualquer lugar
onde antes te encontrava e possa encontrar
e ver-te vir como quem voa ao caminhar
Todos eram mortais e tu morreste e vives sempre mais."

in Em legítima defesa - Ruy Belo



- Sabes o que enternece imenso e me deixa com um sorriso nos lábios, apesar da tua ausência?

- (?)

- Falar com os teus amigos e ver pedaços de ti em cada um deles. Ver os teus gestos repetidos, as tuas expressões, os teus esgares... até a tua indignação com o mundo... Estás sempre aqui connosco não estás?

- Ainda duvidas?!

Parabéns amigo

27 novembro 2008

Palavras #34





"O teu corpo transpira o meu ópio. Não te afastes."

Vasco Gato



olha... me ensina a não andar com os pés no chão*



* Beatriz (original de Chico Buarque/Edu Lobo)

16 novembro 2008

Encaixe perfeito

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Fátima Condenço

Your kiss finds me out
Nothing left to hide
Plunging the depths of me
And when our bodies join
It's like two galaxies collide
What greater love could there be

So talk to me of love and all you fear
I wanna give you everything
'Cause heaven brought us here
To love with all we are

All we are - Lou Rhodes


Regressar a ti... sentir-me plena.

Sorrir ao ler um livro e reconhecer-nos em passagens que me fazem corar. Saber, apenas e só que sim, que me completas e não consigo questionar nada disso (porque não há margem para dúvidas e o risco é ínfimo).

Acreditar, só isso (como se fosse pouco)... em ti, na densidade do sentimento que o espaço entre os nossos corpos comporta, no surgimento do nós quando esse espaço é ultrapassado.

Viver, nunca em função de ti, mas com a vontade profunda de te dar pedaços de felicidade, de partilhar momentos de tarefas distintas mas complementares.

Porque no fim (e no princípio) é isso que somos:
um encaixe assustadoramente perfeito
.



Incapacidade Expressiva #8

I sometimes get this strange and sort of uncontrollable urge to want to go home ...

Georg Hólm (membro dos Sigur Rós)



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fotos: Brasfemes [por favor ignorar linhas telefónicas.... :)]

09 novembro 2008

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Graça Loureiro


Exaustos entregamo-nos à lassidão.

Descanso sobre o teu peito e sinto-o lentamente a abrandar. A minha respiração começa a acompanhar a tua. O nosso ritmo é um só.

(...no silêncio da tua casa, no silêncio da tua rua sempre tão movimentada...)



Passas a tua mão pelo meu cabelo e, de repente, puxas-me para ti.

(... olhos nos olhos, porque é impossível deixar de te olhar...)

Vejo-me reflectida em ti com uma nitidez assustadora.



Sorris e dizes-me, ao mesmo tempo que um arrepio me percorre o corpo,


Quando estou contigo duvido da não existência de Deus.



24 outubro 2008

today I heard some bad news*



just what are we all supposed to do? *

* Well worn hand - Editors

20 outubro 2008






E é no momento em que os meus olhos se fecham e tu me sussurras,



o teu corpo é como um livro aberto que vou folheando


que a certeza e a serenidade de te pertencer me invandem.





I'm recording our history now on the bedroom wall
Both Hands - Ani DiFranco


17 outubro 2008

Conversas Imaginárias #9

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Ricardo Jaime Simões

- Tenho tanto, mas tanto para te contar...

- Conta. Sabes que sempre gostei de te ouvir.

- E ainda ouves? É esta a frequência certa?

- Claro. A frequência da amizade. Vá, conta-me da tua felicidade.

- (...)

11 outubro 2008

Incapacidade Expressiva #7

O reino maravilhoso já não existe. Existem - em seu lugar - paisagens, declives, montanhas, enseadas junto do rio mais belo que conheço, esconderijos pelas colinas, florestas que resistem ao granizo do tempo. E existe a luz, a luz fantástica do Douro, a luz misteriosa das suas águas e da poeira que vai de uma margem a outra [...] Olhemos para essas colinas, para os santuários perto dos cabeços das serras, para os miradouros sobre os cachões do rio, para os muros derrubados nos castelos - são lugares sagrados.

Francisco José Viegas (in prefácio do livro Diário Douro - Miguel Torga)


Linha do Douro 2008


Linha do Douro 2008


Linha do Douro 2008



fotos: rio Douro, de comboio :)

05 outubro 2008

break my arms around the one I love *



* Daughters of Soho Riots - The National

03 outubro 2008

Palavras # 33

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Carla Salgueiro


"Mas às vezes, e já que estamos a falar deste assunto, ela também me aparece durante o dia. Só na minha imaginação, é evidente. Eu… isto agora pode parecer esquisito… nessas ocasiões penso que ela se encontraria na minha frente, muito colada a mim, como agora o contrabaixo. E que eu não era capaz de me conter e que tinha de a abraçar… assim… e com a outra mão assim… tal como com o arco… por trás do rabo dela… ou ao contrário, assim, como acontece com o contrabaixo de trás para a frente, e tocando-lhe os peitos com a mão esquerda, como no acorde de terceira na corda de Sol… a solo… …agora é um pouco difícil de executar… e pela direita, envolvendo-a de fora, com o arco, assim, na parte inferior, e depois assim e assim e assim e…
Ele agarra-se ao contrabaixo e executa acordes selvagens, depois põe-no de parte, senta-se exausto na poltrona e serve-se de cerveja."

in O Contrabaixo - Patrick Suskind

[nunca sonhei que as minhas mãos te pudessem tocar como se toca um instrumento musical]

30 setembro 2008

so easy with you *

Can you keep a secret_Graça Loureiro_olhares
Graça Loureiro

Sei que quando me tocas a batida da terra coincide com a do meu coração.
in A Terceira Rosa - Manuel Alegre


A campainha. O clic da porta que se abre para mim. Os degraus das escadas. A porta entreaberta que me convida a entrar...
...são estes os obstáculos que me ajudas a transpor até ti.



A luz trémula que desenha a(s) nossa(s) forma(s) na parede. Os braços que me chamam, as mãos que me tocam, o calor que me inunda. A boca que me cala, o silêncio cheio de palavras...
...tudo isto me mantém unida a ti.



O cheiro que permanece em mim. Os teus pedaços esquecidos em mim. A lembrança constante de ti em mim. O desejo de te abraçar e de te sentir, de te descobrir e ser descoberta...
...tudo isto me obriga a regressar a ti.



* Romantic Fool - Eric Mingus

29 setembro 2008

Incapacidade Expressiva #6

Nenhum outro caudal nosso corre em leito mais duro, encontra obstáculos mais encarniçados, peleja mais arduamente em todo o caminho [...] Mas a própria beleza deve ser entendida. Não é subir aos restolhos de Lagoaça, contemplar o abismo, e quedar-se em êxtase. Não é espreitar de S. Salvador do Mundo o Cachão da Valeira, e sentir calafrios. Não é descer de Sabrosa para o Pinhão, estacar em S. Cristóvão, e abrir a boca de espanto. Não é ir a S. Leonardo de Galafura ou ao miradoiro de S. Brás, olhar o caleidoscópio, e ficar maravilhado. É compreender toda a significação da tragédia, desde a tentação do cenário, à condenação de Prometeu, ao clamor do coro. Ser neste chão árido e hostil um novo criador de vida, dar aí uma resposta quotidiana à morte, transformar cada ravina em parapeito de esperança e cada bagada de suor em gota de doçura - eis os que o Titã ensinou aos homens, e o que Zeus não lhe perdoou. Por isso o seu perfil rebelde é o próprio perfil dos montes.
Miguel Torga


Linha do Douro_2008


Linha do Douro 2008


Linha do Douro 2008



fotos: rio Douro, de comboio :)

18 setembro 2008

(re)encontro

Arcos do jardim_Hugo Antunes_olhares
*



Tonight we fly - The Divine Comedy


"Como se da boca de um louco, há muitos anos desprovido de razão, saísse de súbito uma fórmula verbal capaz de explicar finalmente o mundo, certos encontros do acaso juntam, definitivamente, e depois de muitos anos de desespero e desencontros, um homem e uma mulher."

Acasos in Breves notas sobre o medo - Gonçalo M. Tavares


15 setembro 2008

eis a situação...

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João Castelo Branco


"A situação é esta: os campos eram puros e limpos, eu ateei muitos fogos, tinha fósforos e gasolina, agora estou no exacto centro de todos eles, cercam-me por todos os lados que não existem para fugir, e espero pelo incêndio, apenas espero."

Pirómano in Gaveta de papéis - José Luís Peixoto

12 setembro 2008

all mornings should be like...

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popsongs

... sunday morning...


"sunday morning

slow beats seething
through the screens in
the open windows
eggs frying
legs shaking
after we stayed lying
so long in bed
sunday morning
both of us reading
and looking up occasionally
looking up occasionally

sunday morning
you're doing your thing
and i am doing mine
speaking words
more a formality
cuz we can feel we
are of one mind
sunday morning
sheets still warm
kitties swarming
around our feet
life comes easy
your sweet company
making it so complete

of all the monday through fridays
we joined the crusade
of all the saturday nights
in which we were made
of all the exorcisms
i've done with your ghosts
still it's sunday morning
i miss you the most."

Sunday Morning - ani difranco

09 setembro 2008

Palavras #32

Cold_sweetcharade_olhares
sweetcharade



"Nessas cerimónias e rituais que repetem, com pequenos intervalos de tempo e com minúcia extrema, um conjunto de movimentos e fórmulas verbais, sentes-te como numa farsa - alguém te promete, por semana, o que nenhum humano numa vida pode dar."


Milagre e repetição in Breves notas sobre o medo - Gonçalo M. Tavares

08 setembro 2008

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Sometimes a crime of passion is not realizing the passion in time, while other times the crime is not seeing the world as it is.

05 setembro 2008

04 setembro 2008




Gosto do brilho das estrelas, por isso negoceias com o sol o seu esmaecer.



Vens com o teu cheiro e as tuas mãos cheias de magia e, de cada vez que no negro um brilho irrompe, iluminas um pedaço em mim.



E depois outro... e outro... e...

03 setembro 2008

01 setembro 2008

As pessoas a quem nunca morreu um amigo ponham o dedo no ar.

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"Faz hoje oito dias morreu um grande amigo. À noite arranjei coragem para ir vê-lo à igreja: estava o caixão, estava a fotografia diante do caixão mas o Acácio não estava, nem era pessoa para se meter dentro daquela caixa, com aquele pano por cima. Tive de procurar dentro de mim para encontrá-lo e achei-o a sorrir
– António
dizia ele como de costume
– António
e continuou a dizer
– António
em mim, a falar com os berlindes que parecia trazer sempre na boca. Uma amizade desde os dezoito anos é obra. Durante a guerra escrevíamos cartas um ao outro, depois da guerra não era preciso escrever cartas, falávamos.

(...)

Na igreja procurei um cantinho para ficar a sós contigo. Apetecia-me chorar. Mas vinham cumprimentar-me e aguentava-me. Repetia o teu nome para dentro
– Acácio
sem os berlindes com que tu
– António
e a tua mão no meu ombro nos abraços meio esquivos, cheios de pudor, que são os teus e apesar disso, caramba, foste talvez o homem que mais me mexeu no corpo, tiraste-me dúzias de sinais ao longo do tempo. Que raio de pele a minha, uma Via Láctea de pontinhos: Ursa Maior, Ursa Menor, Cassiopeia, Sagitário, não me faltava nada. Digo estas coisas, amontoo palavras para me defender da emoção.
Chega de pieguices, dizia o meu pai, chega de pieguices. As pessoas a quem nunca morreu um amigo ponham o dedo no ar.
Acácio.
– Um dia publico as tuas cartas ameaçavas tu do meio dos berlindes. O pior é que ameaçavas a sério: cartas de rapazes em África e a tua mão, um segundo, no meu ombro. Um segundo apenas.

(...)

Achava-me desesperado e a sofrer mas senti tanto a tua amizade. E agora a caixa, o pano, o retrato, agora isto. Ao sair da igreja vieste comigo. No sábado jantei com a Rita e o Henrique, teus amigos também. Tu depenaste-me a Via Láctea da pele, e o Henrique depenou-me os intestinos. Vocês dois são os únicos que me coscuvilharam o corpo. A partir do momento em que adoeceste nunca mais consenti que me tirassem um sinal: era um direito que só a ti pertencia. Lá me fardava eu de verde, lá me estendia na mesa e tu a arrancares-me estrelas das costas, da cara, dos braços.
Estrelas, planetas, pedregulhos siderais. Olha, neste momento estou sentado na tua casa, diante da piscina. Fosse qual fosse a nossa idade tínhamos dezoito anos. A mesma mulher a dias, durante bastante tempo, a segredar-me
– O senhor doutor é tão bom
não senhor professor, o senhor doutor é tão bom. E és. As minhas filhas, as minhas sobrinhas
– Padrinho Acácio
e quando o João recebeu os irmãos para jantar naturalmente chamou-te a ti. Os irmãos dele e tu. Não: os irmãos dele. O que é a morte, padrinho Acácio? O duque de Orleans não acreditava em tal criatura nem aceitava que a mencionassem na sua presença. Uma ocasião o embaixador de não me recordo donde disse
– O falecido rei de Espanha
o duque logo, furioso
– Falecido?
e o embaixador resolveu o embaraço respondendo
– Monsenhor, é um título que eles se dão.
Em francês, que é mais chique
– Monseigneur, c'est un title qu'ils prennent
Portanto essa história de falecido é um título que tu prenaste. Quando o Henrique me segredou
Tenho uma notícia triste para ti
disse de imediato
– O Acácio?
disse de imediato
– Não
e fiquei sem ver nada uma porção de minutos. Agora vejo. Vejo a igreja, a caixa, o pano, o retrato. E vejo-nos a sair dali
– Vamos sair daqui
porque não nos diz respeito, palavra, não nos diz respeito. O que nos diz respeito é estarmos juntos num sítio qualquer, não importa qual, com mais silêncio que palavras. Até no silêncio os berlindes na boca, o cabelo branco desde os vinte anos. Abundante. Bonito. Também alguma coisa tinhas que ter bonito. Estou a brincar. Não faças essa cara que estou a brincar: graças a Deus todos os meus amigos são lindos. Isto não é uma crónica, é uma carta, como aquelas que nos escrevíamos em África. Não a publiques nunca, visto que é só para ti. E não quero, nem por um segundo, que me julguem lamechas. Você tinha razão, pai: chega de pieguices."





Absent friends, here's to them,

And happy days, we thought that they would never end,

But they always end.

Raise your glasses then to absent friends

The Divine Comedy

31 agosto 2008

Pedaços de músicas do mar *

Deolinda

fon fon fon - Deolinda

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Aron Ottingnon

nobody's bizness

Ain't Nobody's Bizness- Nobody´s Bizness

fotos daqui

* Festival músicas do mar 2008 - Póvoa de Varzim


Denys: You've ruined it for me, you know.

Karen: Ruined what?

Denys: Being alone.

29 agosto 2008

o fantasma de Beno

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"Mas hoje, ainda longe daquele grito, sento-me na fímbria do mar. Medito no meu regresso. Possuo para sempre tudo o que pedi. E uma abelha pousa no azul do lírio, e no cardo que sobreviveu à geada. Penso em ti. Bebo, fumo, mantenho-me atento, absorto – aqui sentado, junto à janela fechada. Ouço-te ciciar amo-te pela primeira vez, e na ténue luminosidade que se recolhe ao horizonte acaba o corpo. Recolho o mel, guardo a alegria, e digo-te baixinho:


Apaga as estrelas, vem dormir comigo no esplendor da noite do mundo que nos foge."


in Lunário - Al Berto

27 agosto 2008

25 agosto 2008

Este seu olhar *

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Graça Loureiro



Sempre tiveste medo e continuas a ter. Dos possíveis mal entendidos, dos olhares mal interpretados, da rejeição.

Vives no constante adiamento… das questões, das afirmações, afinal de contas, da vida.

Porque recusas sofrer?
(shiuuu)

Tu sabes que esse é o único caminho.



*

[original de Tom Jobim - versão de Maria João e Mário Laginha/álbum Undercovers]

19 agosto 2008

Incapacidade Expressiva #5

Viajamos porque é necessário enfrentarmos o desamparo dos dias, ao mesmo tempo que procuramos um lugar para descansar e nele ansiarmos por um regresso.

Al Berto

Fóia-Algarve
Vista da Fóia - Serra de Monchique - Algarve



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Fraga da Pena



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Jardins da Galeria de Arte Moderna - Edimburgo


16 agosto 2008

Abraço-te muito, se não te importas *

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Isto é para ti, só para ti. Não, não quero ouvir que não, que não era preciso, que não havia necessidade.


Quero dizer-te isto, somente isto:


ouves o vento e a chuva a cair? vês a lua (cheia, linda) e o sol que teima em espreitar mesmo quando as nuvens são demais?


É tudo para ti.





The Happy Birthday Song - Andrew Bird



*Al Berto

11 agosto 2008

08 agosto 2008

este molhado olhar de homem que morre *

(…) viver é expor-se até ao fim, é a dolorosa alegria de se oferecer de corpo inteiro à vida. Não nos vá ela escapar.


Luís Miguel Cintra sobre Ruy Belo e sua poesia
(na introdução ao livro Poemas de Ruy Belo ditos por Luis Miguel Cintra)



* do poema Elogio de Maria Teresa - Ruy Belo

07 agosto 2008

Palavras #31

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Carla Salgueiro


"E é-me indiferente estar aqui. Sempre que posso fujo, fujo no olhar que cegou o meu. Porque eu fujo e vou com tudo aquilo que me chama e me toca. Vou com o azul dos olhos do marçano ali da esquina, vou com as folhas das árvores no Outono da minha rua, vou com a noite à procura da manhã sobre o rio. Vou pelos arranha-céus acima e contemplo dos altos terraços o sono esbranquiçado dos mortos. Vou com o teu corpo que me desgasta a memória doutros corpos e me transforma em esquecimento… vou, vou sempre, pela humidade dos cardos presos em tua boca."
in Lunário - Al Berto

06 agosto 2008

Conversas Imaginárias #8

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Pedro Rego


I don't worry anymore
'Cause it's all right, all right to see a ghost
Santa Clara - The National
- No outro dia o telefone tocou e o teu nome apareceu no visor.

- Mas já te disse que não uso disso. Telefones, tss, são coisa de outro mundo.

- Por momentos acreditei que eras mesmo tu, que eu tinha acordado dum longo sono e que nada tinha mudado. Que eras tu a desafiar-me (sempre tu…) para um copo ou para uma ida ao cinema. Tudo isto pensei naquela fracção de segundos. Mas quando atendi não foi a tua voz que ouvi do outro lado.

29 julho 2008

nothing really ends *

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Sónia Cristina Carvalho



Escrevo-te a sentir tudo isto.
Al Berto




O que começou? Quando começou?
O que terminou? Quando terminou?
Definir aquele momento. Encontrá-lo nas memórias profundas, mas nunca esquecidas.



O sorriso, o olhar de soslaio, o sorriso [outra vez, e desta vez mais largo], a viagem, a tua camisa.

Recordas-te?


Nós, como um só, naqueles pátios cheios onde não existia mais ninguém. As tuas mãos em mim.

Então?


O telefone, quando mais ninguém em nenhuma das casas. O silêncio cheio de murmúrios na linha. As palavras que não saíam da boca mas entravam no ouvido de cada um.

E agora?


A flor, aquela flor. O poema, aquele poema. E os sonhos, os meus e os teus, que na manhã se tornavam nossos.

Vá lá…


As palavras sopradas, o desejo, os corpos, as almas, a paz, a raiva, a dor, aquele fim em que não acreditei [nem tu].

Ainda não?



* dEUS


Repara como o coração de papel amareleceu no esquecimento de te amar.
Al Berto

26 julho 2008

habito neste país de água por engano *

* in Trabalhos do olhar - Al Berto

24 julho 2008

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Carla Salgueiro

Disseram-lhe que era um sítio bonito, onde muitos reis, príncipes e princesas se tinham jurado eternamente. Não acredita nesse eterno, mas sorri perante a possibilidade e não, não o recusa apesar de não acreditar. Está ansiosa, quer ver esse sítio bonito, gosta deles assim cheios de estórias e história, vozes e sons do passado.

Entra, rodeada por muitos, e é logo arrebatada. Todos desaparecem e permanece apenas o silêncio. Fecha os olhos, inspira profundamente e deixa-se impregnar pelo espírito do tempo. Surgem os primeiros sons, pelas mãos daquele de cabelo desalinhado. Ela abre os olhos, ele fecha-os. Enquanto percorre o braço do violoncelo com os seus dedos, parece desaparecer, deixando apenas ficar aquele som puro a ecoar.

As mãos continuam, sempre na corda certa, no ritmo perfeito. São mãos viciantes.

Serão sempre assim?

Conhecerão tão bem os corpos como conhecem aquelas cordas?

De olhos fechados?

21 julho 2008

the unexpected song...

you could made a safer bet
but what you break is what you get
(...)
you own me
there´s nothing you can do *


* Lucky you




... a perfect place and the moon.


[live at Guimarães...]

17 julho 2008

Secret Meeting *

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alinhamento do concerto realizado no barco Guinguette Pirate, em Paris [retirado do vídeo Baby we´ll be fine]

*

15 julho 2008

Incapacidade Expressiva #4

Não acredito em lugares mágicos, nem em pontos de energia telúrica, nem em ondas místicas que se libertam da paisagem.
Acredito, isso sim, em estados de alma. Que fazem com que os lugares se tornem mágicos. Ou malditos, depende.
Gonçalo Cadilhe



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Arrifana - Algarve

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Gerês


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Furnas - S. Miguel - Açores

08 julho 2008

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"why don't you come out" *


*


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"so come feel the sun
touch your fears" *
fotos: caterina
* música: Come feel the sun - Tindersticks