do silêncio ensurdecedor quando a porta se empurra
É coisa rara, chegar a casa antes dele [do teu pai], mas quando acontece é um sorriso que se abre na minha face. Sorrio, enquanto estaciono, na expectativa de estar quando ele chega, quando a porta se abre. Todos os gestos mecânicos do caminho a sorrir: a caixa de correio [contas], os dois lanços de escada [às escuras], a chave na porta [o barulho do trinco].
E com o barulho do clique da porta há um clique no coração. E o sorriso desaparece.
Há um silêncio diferente na nossa casa desde que chegaste e não ficaste. Um silêncio inesperado, ensurdecedor.
Chegar a casa e sentir o vazio. O teu nome, lá ao fundo.
(...)
Perceber que o vazio não é verdadeiro demora uns segundos. Os segundos em que a porta de entrada fica para trás, em que respiro fundo, fecho os olhos e tudo faz sentido [sem sentido nenhum].
E agradeço. Agradeço por aquele silêncio que me corrói ferozmente, mas que faz parte de nós, porque és tu.
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