" (...) davam-me muito que pensar sobretudo porque tomava consciência da minha situação de priveligiado em relação a quase tudo o que acontece na terra. Mas não era só eu, somos todos os que vivemos neste Ocidente que se tornou a ambição do resto do mundo. No entanto, olho à minha volta, vejo tudo insatisfeito. Porquê? Conheci um velho juiz que estava quase completamente surdo, no tempo em que os aparelhos de surdez ainda não eram comuns. Ele continuava a frequentar cafés e tertúlias e uma vez perguntei-lhe como é que ele entrava nas conversas. Ele dizia-me: «É muito fácil. Eles falam, falam, eu não os percebo, mas digo-lhes sempre: "Ó homem, não faça caso, deixe lá, não faça caso..." É que eles estão-se sempre a queixar!» (...) Pergunto-me porque será que o homem, à medida que melhor vive, mais tem que assumir esta sua condição queixosa, sem se dar conta dos privilégios que tem."
in O Tecido do Outono - António Alçada Baptista
in O Tecido do Outono - António Alçada Baptista
5 comentários:
este livro é fabuloso... e gostei imenso desta passagem...;-)
As pessoas estão-se sempre a queixar... :-( e muitas vezes de "barriga cheia"! Quase sempre quem menos se queixa são aqueles que menos têm!
Se as pessoas reflectissem um pouco (mais), poderiam facilmente chegar à conclusão de que afinal de contas nunca estarão assim tão mal quanto julgam...
Uma vez li uma coisa que dizia o seguinte:
"Esta manhã, se acordaste de saúde, então és mais feliz do que um milhão de pessoas que não vão sobreviver até ao final da próxima semana.
Se nunca sofreste os efeitos da guerra, a solidão de uma cela, a agonia da tortura ou fome, então és mais feliz do que outros 500 milhões de pessoas do mundo.
Se podes entrar numa igreja (ou mesquita) sem medo de ser preso ou morto, és mais feliz do que outros 3 milhões de pessoas do mundo.
Se tens comida no frigorífico, tens sapatos e roupa, tens uma cama e tecto, és mais rico do que 75% das outras pessoas do mundo.
Se tens uma conta bancária, dinheiro na carteira e algumas moedas num mealheiro, pertences ao pequeno grupo de 8% de pessoas do mundo que estão bem na vida.
Se estás a ler esta mensagem, és triplamente abençoado, pois:
1. Alguém acabou de lembrar-se de ti
2. Não fazes parte do grupo de 200 milhões de pessoas que não sabe ler.
3. e... tens um computador!"
Certamente que esse velho juiz de tão sábio que era, já sabia que muitas queixas das pessoas são palavras ocas, mesquinhas e egoístas.
E já dizia aquela música: "São palavras ocas, faz orelhas moucas"! Muitas vezes temos que ser como esse juiz.
Apesar de não ter lido ainda este livro, fiquei com vontade de o ler.
Ana, já agora, desculpa a extensão da minha mensagem... ;-)
Berta e foi só essa passagem?! ;) eheh
Rui não tens de pedir desculpa por escrever: usa e abusa. Se ficaste com vontade lê, este e outros do António Alçada Baptista. Sou uma incondicional e tenho quase a certeza que irias gostar:)
Ana, neste momento estou a ler "O Riso de Deus" nas minhas curtas viagens de metro e tenho gostado do que li até agora, pois acho que é um autor cuja escrita vai directa ao coração. :-) Talvez o acabe neste FDS nos EE. Inté!
Claro q n foi só essa passagem... vai transcrevendo... é uma delícia esse livro... gostei mt do fim...
"Bom é a gente encontrar alguém que sabe amar como nós. (...)
Só é preciso compreender o mundo. Td o q quero já ca esta: a serenidade, a
ternura, os mt caminhos do afecto, as coisas que a gente pode fazer com uma
simples entoação de voz.(...)
Q andavamos sp distraidos com o nosso trab e um dia-a-dia q n puxa por nos,
e mm qd ao principio nos entusiasma, depressa se cai na rotina.(...)
... amar e o q vale a pena e pode justificar uma vida mas somos tao
desajeitados a amar!(...)
as tais palavras da alma. as palavras q exprimem o q n faz falta as coisas
do mundo, aquilo de emoçoes e sentimentos q trazemos dentro à procura de um
ouvinte, de um irmao de uma seita q saiba q o amor se exprime por coisas
simples e vividas de outra maneira. (...)
um murmurio de q alguem esta a espera. dizer q nos amamos. encontrar as
palavras q dizem ao outro como é a medida do carinho q temos por ele e q a
presença do corpo ali exposto ao nosso lado melhor nos recorda esse nosso
destino amoroso de q andamos desviados pq nos enganaram nos caminhos da vida
e fizeram de nós umas peças de um jogo falso q nada tem a ver com aquilo
para q fomos feitos.(...)
os seus beijos me levaram de asas p aquele céu onde a gente se encontra com
aquilo p o qual nascemos: p amar alguem em q o entendimento dos corpos seja
tal qual o entendimento das palavras q dizemos qd nos vimos. (...)
(...)"A mim enternece-me aquela gente q, quase sem se ver, vive uma vida sem
ambição de dinheiro ou poder mas vai espalhando à sua volta uma relação de
bondade (...)"
Abusei ops... :P
Enviar um comentário