02 setembro 2013

Carta a Alice #4

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~ nile-can-too


Foi  uma noite boa. Serena. Tranquila.  

Estar naquela varanda, onde fui feliz.  Onde li muito (imenso) sentada naquele chão, quente das tardes de Verão infernais. Onde fiz corridas com patos. Onde respirei o ar fresco (morno) das noites de Verão na minha infância. Cresci naquela varanda: li os livros da Anita, os Cinco, os Maias do Eça, a Aparição do Vergílio, e quantos mais... Aqueles Verões que pareciam intermináveis, as tardes quentes em que mal se respirava. O tempo que dava para tudo e ainda sobrava. O tempo que agora nos foge entre os dedos das mãos.  

Tenho saudades de crescer ali, naquelas noites frescas, naqueles degraus onde tanta emoção passou em mim . Onde chorei amores de adolescência, onde escrevi cartas de amor e desabafos num diário já destruído.


Tudo isso voltou com o fresco daquela noite, com o estar lá rodeada dos que amo. Tudo isso serena, tranquiliza, abre o coração. Mas as lágrimas... essas putas que teimam em aparecer  quando tudo parece melhor.  Senti-te a falta naquela varanda. Naquele silêncio da noite cheio de sons típicos da aldeia, naquele céu estrelado único (nunca encontrei outro igual...), no cheiro da noite de verão, naquele passado que queria para ti.  Senti-te a falta.  E os olhos inundaram-se de lágrimas (essas putas...), que caíram  sem pedir licença.