~ nile-can-too
Foi uma noite boa.
Serena. Tranquila.
Estar naquela
varanda, onde fui feliz. Onde li muito
(imenso) sentada naquele chão, quente das tardes de Verão infernais. Onde fiz
corridas com patos. Onde respirei o ar fresco (morno) das noites de Verão na
minha infância. Cresci naquela varanda: li os livros da Anita, os Cinco, os
Maias do Eça, a Aparição do Vergílio, e quantos mais... Aqueles Verões que
pareciam intermináveis, as tardes quentes em que mal se respirava. O tempo que
dava para tudo e ainda sobrava. O tempo que agora nos foge entre os dedos das
mãos.
Tenho saudades de crescer ali, naquelas noites frescas,
naqueles degraus onde tanta emoção passou em mim . Onde chorei amores de
adolescência, onde escrevi cartas de amor e desabafos num diário já destruído.
Tudo isso voltou com o fresco daquela noite, com o estar lá
rodeada dos que amo. Tudo isso serena, tranquiliza, abre o coração. Mas as
lágrimas... essas putas que teimam em aparecer
quando tudo parece melhor.
Senti-te a falta naquela varanda. Naquele silêncio da noite cheio de
sons típicos da aldeia, naquele céu estrelado único (nunca encontrei outro
igual...), no cheiro da noite de verão, naquele passado que queria para ti. Senti-te a falta. E os olhos inundaram-se de lágrimas (essas
putas...), que caíram sem pedir licença.
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