01 junho 2014

Carta a Alice #11


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"Sinto que há uma estranha eternidade naquilo que amamos e foi destruído."

Al Berto 



Os meses vão-se fechando. Um atrás do outro. Vão-se adicionando e acumulando minutos, horas e dias nas nossas vidas e, no entanto, tu permaneces a mesma, imutável. Nada muda em ti: a tua feição é a mesma, o teu peso não sai dos 4,100 kg, o teu pé não cresceu mais que os 8 cm perfeitos e nunca serás mais alta que os 56 cm (exactamente menos um metro que eu, reparo agora). 
E parece-me injusto esta coisa do tempo passar por ti e nada te acrescentar. 

Acrescenta em nós. Cabelos brancos, rugas, alguma tristeza mais profunda. E camadas, muitas camadas de vida regular. Vivo hoje bem com essas camadas, percebi que consigo chegar sempre que quero. Lá, a ti, à dor da tua perda, mas principalmente chegar àquele sentimento único, imutável (assim como tu) da alegria e felicidade que foi o encontro contigo. 

Foi-me desconcertante (há momentos em que ainda o é) acolher essa felicidade, acomodá-la, mesmo sabendo que não ficarias, sabendo-te morta. Necessitou de trabalho, de alguma insanidade, para perceber que conhecer-te teria de ser sempre o momento feliz. E será sempre aquele onde posso regressar, quando mais um mês se fechar e "um rasgão no peito, uma saudade de mim" (de ti) me tomarem de assalto. voltarei, a ti.



I had a secret meeting in the basement of my brain

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