Vejo-te lá ao fundo, sabes? A brincar com o teu pai, neste fim de tarde, neste fim de dia bonito, com esta luz tão luminosa e quente.
Paro. Pestanejo. Recuo um pouco. Respiro fundo. Volto à realidade.
A luz está lá, mas tu não. Engulo em seco e meço a distância que existe entre o que desejava e o que tenho. É grande. São uns bons metros que tenho de percorrer todos os dias à tua procura. E cada dia que passa são feitos de uma forma mais suave.
Por vezes (muitas vezes) permito-me estes devaneios, dou espaço a estas alucinações de ti, sobre ti. Ajudam no percurso. Dão-te o corpo e o sopro no coração que não tens, mas que me alimentam o caminho.
O caminho até lá ao fundo, naquela luz quente, onde brincas com o teu pai.
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