30 dezembro 2013

Carta a Alice #8

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into the light 








Nada consigo fazer 
quando a saudade aperta
foge-me a inspiração
sinto a alma deserta




Os tempos ultimamente têm sido mais negros, mais escuros, apesar do brilho do sol que teimou em manter-se neste início de Inverno seco e solarengo. Amanheço mais triste, porque sinto uma peça em falta na engrenagem do dia. Tudo me lembra de ti e sorrio. Mas depois, depois o nó apodera-se do meu peito, o vazio, o buraco que ainda não percebi como preencher, ou se algum dia vou preencher.

Há dias (cada vez mais) em que me habituo e convivo com esse vazio. Há dias em que as gargalhadas se soltam e passam esse vazio e, depois, há aqueles em que a felicidade desaparece nesse buraco negro e, de repente, a tristeza rompe e as lágrimas soltam-se sem controle. Mas podes descansar... são cada vez menos esses dias. São cada vez mais os dias e as noites em que a lua cheia não é motivo para as lágrimas correrem, mas para um sorriso se abrir. Em que a linha na minha barriga não me faz desviar o olhar, mas ficar com alguma pena de a ver desaparecer (tenho medo que desapareças com ela). Em que as mãos do teu pai na minha barriga não me causam um arrepio de tristeza pelo corpo todo, mas apenas o carinho e o amor que ele sente por mim.

Tal como me moldaste ao longo daquelas quarenta semanas, agora também o tempo me vai moldando, com a certeza, porém, que não há um dia que passe que uma lágrima ou um sorriso não sejam desencadeados por ti. 


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